Os filhos da mãe Beneficência Portuguesa

Publicado em 19/02/12

A pergunta é inevitável: “Onde você nasceu?” A resposta é a de que a origem é um topônimo, uma cidade, um logradouro! Nasci em Bauru, com muito orgulho, costumo afirmar que não sou bauruense, sou bauruísta! Amo esta Sem Limites de sonhos e medonhos! Orgulho-me de ter nascido no Hospital Beneficência Portuguesa e, por muito tempo, vi aquele prédio abandonar-se, ser um marco histórico, mas tão somente retórico nas artérias da Gustavo Maciel e Rio Branco, lados, cercos laterais do nosocômio!


A palavra “Silêncio” exposta ou imposta em regiões hospitalares nos reprimem as opiniões sobre tratamentos e pessoas, não necessariamente, nessa ordem! Hospital, por incrível que pareça, é da família de hospedar, hóspede, hospitaleira! Sempre achei hospital um lugar tétrico e pessoas de branco que por lá circulam conotam anjos e, consequentemente, a morte! Geralmente, quando passo por um hospital, faço o sinal da cruz, meus filhos me indagam o por quê e digo-lhes que Deus, somente Deus, pode olhar pelos enfermos!

No entanto, os anjos que estão na bela película Cidade dos Anjos existem e têm nomes e podem ser vistos na Beneficência Portuguesa de Bauru. Proferi, no ano passado, uma palestra nesse hospital e, para minha surpresa, as pessoas sorriem. São humanas, conseguem ser pacientes ou pacienciosas com os pacientes! Patch Adams gostaria de conhecer a Beneficência Portuguesa. Ele riria com o hospital e seus seres ávidos pela cura! Em 1996, meu filho mais velho veio ao mundo pelas mãos santas de Marcos Cabelo dos Santos na Beneficência. Orgulho dobrado, pois também nasci neste hospital, consegui ser feliz num hospital, sorri chorando num hospital! Em tempos caóticos da saúde em Bauru, falcatruas, corrupções, planos de saúde abusivos, apagões, a Beneficência volta a instalar uma maternidade,. Que notícia ótima. Isso deveria desfilar no Sambódromo, Unidos da Beneficência, a Benê virou samba-enredo: Fez-se a Luz ou Faz-se à Luz!

Criança, substantivo sobrecomum, será mais comum sobre Bauru, graças à Beneficência! Adriano Sávio Gonfiantini, aluno daqueles que sentimos um misto de saudade e orgulho, consegue mais uma vitória! Que venha nossa faculdade de medicina; que a dor vire amor; que os enfermeiros não tenham pacientes; que os planos, se fossem bons, não teriam esse nome, virem soluções; que as consultas virem encontros; que os doutores sejam os anjos enviados por Deus!

A Sociedade Beneficência Portuguesa de Adriano Sávio e seus fiéis humanos fazem do hospital um hotel. Não que queiramos nos hospedar, mas, caso necessitemos, temos um ombro amigo, um laço que virou abraço, um sujeito que virou respeito, um ser que sabe ser ser. Carl Gustav Jung disse: “Não é o diploma médico, mas a qualidade humana, o decisivo!” Por isso, comparte-se e reparte-se. Elogios à parte, Benê, que a vida seja um parto!

SINUHE DANIEL PRETO

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