Refém-nascido!

Publicado em 26/07/12

Sigmund quer nascer, mas há um protocolo, sua mãe, Sebastiana, dá à luz num hospital sem gerador, à luz de velas, um jantar francês não seria tão sorumbático, ao nascer e ser ser apelidado de “Sig” pelos entes e parentes, carece o efebo de um registro, isso custa, às custas do povo, Sigmund ou Sig segue sua sina! Sebastiana, mãe de Sig, vai ao mercado, o preço da fralda é maior que o do leite, que, às vezes, tem que tirar da pedra, que é crack, mas não importa: “Fumar é prejudicial à saúde!” Sig vai à escola, o material escolar é parcelado, mas se leva agora, porém, pode não ter aula, o material humano perdeu para o material materialista. Ele não conhece a professora, a maçã que levara é doada à madrasta da Branca de Neve, virou maçã do amor que engorda e promete cáries! Agora, o filho da Sebastiana vai trabalhar no supermercado e disseram-lhe que a sacola é descartável, já recolheu muito material com esse nome, aliás, se identificou com esse adjetivo em relação à sua vida, descartável! Sig foi à noite e conheceu gente do bem e dos bens, ele viu que o carro que se compra não se estaciona, não há lugar para tal façanha, há “flanelinhas” que cobram um preço que o vendedor de carros não avisou! O carro de Sig que não é dos bois, nem da “Conversa de bois” de Guimarães Rosa, pagará impostos impostos pelo mesmo pessoal que não comprou gerador, que cobrou o registro, que não viu o crack, que vende fralda, que reproduziu os “flanelinhas” e que nunca tem nada com isso, assunto descartável! 


Em sua primeira viagem, mesmo não sendo marinheiro de primeira viagem, Sigmund ou Sig transita o estado em mau estado e paga a um pessoal que pede ágio, unindo-se, formaram o pedágio. Sig paga com uma nota de cinquenta, a moça do pedágio pergunta se ele não tem trocado, com a negativa dele começa a olhar a nota contra a luz, como se fosse o dinheiro do mensalão, de Cachoeira, ele, o filho de Sebastiana, se constrange, dinheiro, pra que dinheiro? Sigmund descobre a rede social e encontra amigos no www.faccaodotempo.com, pensa e compensa no mundo, no entanto, é vítima de um sequestro-relâmpago, ao voltar nu e cru ao lar, lê “Poema tirado de uma notícia de jornal”, de Manuel Bandeira, e pensa em ir-se embora pra Pasárgada!

SINUHE DANIEL PRETO

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